Análise da série Mindhunter (2ª temporada)


No final da primeira temporada, logo após fazer uma visita a Ed Kemper (Cameron Britton) no hospital, o agente Holden Ford (Jonathan Groff) sofre um ataque de pânico e é internado em um hospital. As consequências do vazamento da fita em que Holden faz uso de uma linguagem não muito apropriada durante uma de suas entrevistas gera a troca de comando na Unidade de Ciência Comportamental (UCC) do FBI. 

Ao contrário de Robert Shepard (Cotter Smith), Ted Gunn (Michael Cerveris), novo superintendente da UCC, se mostra muito mais interessado no trabalho desenvolvido por Holden Ford, Bill Tench (Holt McCallany), Wendy Carr (Anna Torv) e Gregg Smith (Joe Tuttle). Ted quer expandir e acelerar os estudos desenvolvidos pelo FBI e para isso propõe que sua equipe realize a contratação de novas pessoas para ajudarem na transcrição das fitas e demais atividades que forem necessárias. Ted também consegue fazer com que o caso da fita envolvendo o Holden seja arquivado, não gerando nenhum tipo de consequências para o agente nem para a UCC. A bomba caiu mesmo foi em cima de Shepard, que foi forçado a se aposentar.

Como Holden consegue fazer muito bem a leitura dos casos, sendo admirado por toda a equipe, Ted apenas pede para que Bill e a Dra. Wendy monitorem suas ações de modo a impedir que ele tome qualquer outra atitude que possa gerar consequências para a divisão. Muito embora Holden tenha sofrido um ataque de pânico no começo da temporada e tenha ficado afastado alguns dias do serviço, ele é o membro da UCC que apresenta o melhor comportamento emocional ao longo da temporada, conseguindo segurar a barra sempre que necessário. A vida pessoal de Holden acabou e ele vive praticamente em função do seu serviço.

Se a primeira temporada teve grande foco na vida pessoal de Holden, o segundo ano de Mindhunter explora a vida familiar do agente Tench.  Bill e sua esposa Nancy (Stacey Roca) começam a enfrentar um problema quando seu filho Brian (Zachary Scott Ross) está envolvido em uma tragédia. Tal situação exige que Bill esteja cada vez mais presente no dia-a-dia de sua família, mas seu trabalho não permite que ele dê o apoio e atenção que sua esposa e filho necessitam. O máximo que ele consegue é chegar em casa na sexta e passar o fim de semana em casa. Isso logicamente vai, aos poucos, desgastando seu casamento. O resultado final é que Bill não consegue fazer bem nada que é dele exigindo, uma vez que ele sempre está com a atenção dividida entre família e trabalho. Chama a atenção também o fato de Tench saber lidar muito bem em público nas reuniões sociais do FBI, mas não ser capaz de criar uma linha de diálogo com seu filho.

A Dra. Wendy enfrenta mais uma vez problemas ao tentar desenvolver um relacionamento amoroso. Mesmo que lide muito bem com a mente de criminosos, Wendy tem dificuldades em expressar seus sentimentos. A psicóloga também sofre uma decepção no trabalho quando Ted Gunn diz que não quer que ela realize mais entrevistas com assassinos em série. A ação de Ted faz com que Wendy fique chateada por ter sua atuação profissional limitada à análise de documentos no porão de um prédio.

Assim como na primeira temporada, temos mais uma vez ótimas entrevistas com pessoas condenadas por assassinato. Charles Manson (Damon Herriman), David Berkowitz (Oliver Cooper), conhecido como "O filho de Sam", William Henry Hance (Corey Allen), William Pierce Jr. (Michael Filipowich) e Elmer Wayne Henley (Robert Aramayo) foram as pessoas que os agentes do FBI visitaram. Bill e Holden também têm um breve reencontro com Ed Kemper enquanto aguardavam Manson na penitenciária. Outro nome conhecido e que já vem aparecendo em pequenas cenas desde a primeira temporada é Dennis Rader (Sonny Valicenti), popularmente conhecido como BTK. 

O grande foco da segunda temporada de Mindhunter é uma série de assassinatos que aconteceram na cidade de Atlanta, capital da Geórgia, entre os anos de 1979 e 1981, quanto vinte e oito negros, sendo a grande maioria crianças, foram mortos. Com a base de estudos desenvolvidos ao longo da primeira temporada, os agentes Holden e Bill lideram operações na cidade para identificarem e capturarem o autor de todas essas mortes.


Considerações finais
A segunda temporada de Mindhunter apresenta uma narrativa mais sólida do que a primeira no exato momento em que foca nos problemas familiares de Bill Tench e nas ações do FBI para tentar descobrir quem é a pessoa por trás de uma série de assassinatos em Atlanta. Ao mesmo tempo que Holden Ford tem êxito ao conseguir fazer uma leitura exata do suposto autor do crime, o agente vira vítima de sua própria visão periférica ao não conseguir compreender toda a questão social que os negros daquela região dos Estados Unidos estava vivendo, principalmente envolvendo a ação de movimentos extremistas, como a Ku Klux Klan.

A produção da Netflix segue apresentando ótimas linhas de diálogo, onde cada uma das cenas é importante para a construção de um todo. A história é muito bem desenvolvida ao longo dos nove episódios e entrega tudo o que os telespectadores da primeira temporada esperavam. Direção e fotografia são impecáveis, assim como a atuação de todo o elenco. O desfecho da temporada é melancólico e revoltante, mas retrata a realidade dos fatos, onde as coisas nem sempre acontecem da forma com que queremos. Mesmo com todo o empenho de Holden, o resultado final do caso de Atlanta está longe daquilo que o agente esperava.

Nota
★★★★★ - 5 - Excelente


Veja mais sobre Mindhunter:
└ Análise da série Mindhunter (1ª temporada)

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Herbert Viana

Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV". twitter

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