Análise do jogo Crysis Remastered


Não é preciso ser um grande conhecedor de vídeo games para saber que, alguns anos atrás, Crysis era uma boa forma de descobrir se você tinha um PC realmente potente, já que o game exigia altos requisitos de hardware para ser executado. Lançado em 2007 para PC, mais de dez anos depois o título ganhou uma remasterização. Como não tive a oportunidade de jogar a versão original, tudo o que você verá adiante tem como base a minha experiência única e exclusiva com Crysis Remastered.

Ambientada no ano de 2020, a história começa com um grupo de arqueólogos estadunidenses enviando um pedido de socorro. Eles estavam na Ilha Lingshan, localizada no Mar das Filipinas, e relatam ter descoberto algo que pode mudar o futuro do planeta, mas são surpreendidos por soldados norte-coreanos, que parecem não ter a mínima ideia com o que estavam lidando. Sete dias depois, a equipe Raptor, liderada por Prophet, é enviada até o local para resgatar os sobreviventes e coletar todas as informações descobertas. Dentre os quatro membros do esquadrão está o personagem que controlamos durante a aventura, um agente da Força Delta do exército dos Estados Unidos, conhecido pelo codinome Nomad.

A ideia inicial era evacuar os sobreviventes da ilha sem que nenhum tipo de contato fosse feito com a KPA, a tropa militar da Coreia do Norte, mas isso acaba não sendo possível, já que cientistas e agentes estadunidenses haviam sido sequestrados. Enquanto exploramos o ambiente, nos deparamos com algumas coisas bem estranhas, como a presença de um navio congelado no meio da selva e um refém morto com fragmentos de gelo nas costas. Não demora muito para tomarmos conhecimento que fósseis misteriosos foram descobertos no local, algo que rapidamente despertou o interesse dos norte-coreanos. A trama de ficção científica é melhor do que eu esperava e me deixou surpreso na reta final. É uma pena que a Crytek não aproveitou a remasterização para traduzir o jogo para o português.

Assim que assumimos o controle de Nomad, começamos a descobrir os primeiros detalhes do nanotraje (nanosuit em inglês), o traje de alta tecnologia que é utilizado pelos soldados dos EUA. Equipado com rádio, câmera, visão noturna, binóculo e o mapa da ilha, é com o auxílio dele que o jogador escolhe qual tipo de abordagem adotará na hora de enfrentar os inimigos. Se a preferência for por uma pegada mais agressiva, temos um escudo à disposição, garantindo uma proteção extra para o protagonista. Caso opte por uma abordagem discreta, outro recurso oferecido pelo nanotraje é a camuflagem, que permite deslocamentos pelo ambiente sem ser visto pelos inimigos.

Ao serem utilizados, tanto o escudo quanto a camuflagem consomem a barra de energia, que também pode ser utilizada para correr e pular mais alto. Quando ela se esgota, é preciso esperar alguns segundos até que a sua recarga seja efetuada. O mesmo acontece com a vida do personagem, que se regenera automaticamente com o tempo. As barras de energia e de vida estão sempre à vista do jogador, no canto inferior direito da tela, e são representadas pelas cores azul e verde, respectivamente.

Logo que recebe uma missão, o jogador está livre para explorar o mapa, podendo cortar caminho por florestas, evitando encontros indesejados. Não se trata de um jogo de mundo aberto, mas cada fase permite um alto grau de exploração, embora não haja muito o que fazer a não ser seguir as missões que são passadas. De qualquer forma, essa liberdade permite diferentes tipos de abordagem, já que é possível rastrear os inimigos próximos com o binóculo e escolher qual a melhor forma para avançar. Além dos objetivos principais, missões secundárias também são transmitidas via rádio, aumentando a longevidade da campanha. Os objetivos secundários geralmente consistem em executar ações em uma base inimiga, como coletar informações e destruir bloqueadores de sinais.

Mesmo estando vestindo um traje com tecnologia avançada, isso não significa que Crysis é um jogo fácil. Os tiros dos inimigos consomem rapidamente a barra de vida, da mesma forma que o escudo não resiste a muitos disparos. Involuntariamente, isso incentiva a adoção de uma abordagem furtiva, sobretudo quando estamos em uma base inimiga. Caso seja visto, os militares adversários agirão rapidamente e, se não houver um local para se esconder, a morte é uma questão de tempo. Partir para cima dos soldados norte-coreanos definitivamente não é algo inteligente de se fazer. Os oponentes possuem uma inteligência artificial até boa e, em alguns momentos, tentam nos surpreender.

A jogabilidade segue o padrão já visto em outros FPS. Algo que eu gostei bastante é a maneira rápida que podemos personalizar as armas, modificações podem ser feitas de maneira ágil e com poucos cliques. Em uma única tela é possível mexer nas configurações de todas as armas que Nomad está portando. O arsenal é variado e permite que o jogador substitua as armas que está utilizando por aquelas deixadas pelos inimigos mortos ou pelos equipamentos encontrados no cenário.

Em termos visuais, o jogo é bonito, mas nada muito impressionante para os padrões atuais. Os cenários são bem detalhados e completamente destrutíveis, o que merece ser destacado. Em determinados momentos, presenciei arbustos brotarem na tela, não é algo que me incomoda, mas esse é um tipo de detalhe que tem se tornado cada vez mais raro na indústria dos games, principalmente nos jogos de alto orçamento. Como a remasterização foi feita com base no port para PlayStation 3 e Xbox 360, e não na versão original de PC, isso pode explicar alguns dos fatos anteriormente mencionados.

A otimização de Crysis Remastered é certamente o seu ponto mais fraco. O jogo demora muito para carregar os níveis, seja quando o iniciamos ou passamos de uma fase para outra; quando morremos, o carregamento felizmente é mais rápido. Se fosse apenas isso estava tudo bem, o grande problema é que o título apresenta travamentos de forma recorrente, o que me obrigou a reiniciá-lo várias vezes. Infelizmente esse é um tipo de experiência bem negativa, já que você precisa interromper a jogatina devido ao mal funcionamento do game.

Desenvolvido pela Crytek, Crysis Remastered foi lançado em 2020 e está disponível para PlayStation 4, Xbox One, Windows e Nintendo Switch. Esta análise foi feita com base na versão do Xbox One. Uma cópia do jogo nos foi fornecida pela Crytek, a quem manifestamos o nosso agradecimento.


Considerações finais
Crysis nos leva para uma aventura sci-fi em uma ilha repleta de soldados norte-coreanos e mais algumas surpresas. Somos guiados por uma narrativa bem desenvolvida e com momentos surpreendentes. O título entrega uma jogabilidade muito boa e permite que o jogador decida como irá avançar. A liberdade que é oferecida nas fases é outro ponto positivo, principalmente quando falamos de FPS, que na maioria das vezes oferecem experiências lineares. Todavia, não há nada que nos motive a explorar uma região que não esteja dentro dos objetivos das missões.

A remasterização conta sim com um visual bonito, mas confesso que esperava mais, já que esse foi um dos fatores pelo qual a franquia ficou conhecida. No entanto, nem tudo são flores... O título apresenta travamentos constantes, a maioria deles ocorridos quando estamos carregando um checkpoint. É bastante frustrante ter de encerrar o game e abri-lo novamente para poder continuar. Trata-se de um bom jogo, mas o resultado poderia ser muito melhor.

Nota
★★★☆☆ - 3 - Bom


➜ Você pode ler análises de outros jogos clicando aqui.
Herbert Viana

Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV". twitter

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