Análise da série Hanna (3ª temporada)


Atenção! O texto a seguir contém spoilers da segunda temporada de Hanna.

No final da temporada passada, descobrimos a existência de uma nova organização secreta dentro da CIA, chamada de Grupo Pioneiro. Os Pioneiros tem como objetivo matar vários jovens que possam representar uma ameaça futura para os seus interesses. As responsáveis por executar essas pessoas são as garotas do programa Utrax, que recebem a localização dos alvos e instruções para cumprir a missão, mas nenhuma sabe o real motivo de estarem exercendo aquele serviço. Quando Hanna (Esme Creed-Miles) e Marissa Wiegler (Mireille Enos) descobrem a lista com o nome das pessoas que deveriam ser mortas, elas começam a trabalhar juntas para acabar com a corporação existente dentro da agência de inteligência estadunidense.

Para não dar pistas de que sabiam tudo o que estava acontecendo, Marissa chantageia John Carmichael (Dermot Mulroney) e o obriga a contar uma história diferente daquilo que realmente havia acontecido em Barcelona. Quando Hanna retorna para The Meadows, é dito que ela trabalhou como uma agente infiltrada, o que justificaria as suas ações, mas Sandy (Áine Rose Daly) demonstra não acreditar muito nessa versão. Enquanto isso, Marissa, que foi dada como morta, entra em contato com Ethan Williams (Sam Swainsbury), um analista da CIA que trabalha na Europa, cujo nome também constava na lista de execução dos Pioneiros, e tenta convencê-lo a se a aliar a ela. Ao longo dos capítulos, descobrimos qual era a ligação de Ethan com a lista e porque ele fugia do padrão etário dos demais alvos.

Os Pioneiros são liderados por uma pessoa identificada pelo codinome Diretor, alguém com quem Marissa tem uma ligação. Aos poucos, a série revela detalhes do passado de Wiegler, momento em que começamos a entender melhor qual era a relação dela com o indivíduo misterioso. O lado negativo é que nas primeiras cenas de flashbacks já podemos deduzir quem realmente é o Diretor (Ray Liotta). Outro personagem importante na história é Stapleton (Chloe Pirrie), uma mulher que recentemente chegou em The Meadows e funciona como braço direito para o líder dos Pioneiros. Ela é quem passa a cuidar pessoalmente de tudo o que acontece nas operações, tonando a situação de Carmichael bem mais difícil. Quando o plano de Hanna e Marissa é descoberto, a vida de Carmichael só é poupada porque ele pode ser útil para parar a dupla feminina. Nesse processo, o personagem parece uma bola de pingue-pongue, sendo jogado de um lado para o outro, cabendo a Marissa decifrar, em momentos variados, se ele está ou não dizendo a verdade.

A trama começa a ficar mais interessante quando Hanna recebe os dados sobre o seu novo alvo, Abbas Naziri (Adam Bessa), um escritor e ativista que vive em Paris. O que chama a atenção é o fato da jovem rapidamente se apaixonar por Abbas, após passar pouquíssimo tempo com ele. A ideia certamente era fazer com que Hanna tivesse um interesse maior em querer protegê-lo, mas o desenvolvimento desse arco é extremamente superficial e no fim acrescenta muito pouco para a trama. Caso a protagonista tivesse o simples interesse em mantê-lo vivo, tal como Marissa faz com Ethan, talvez teria sido mais interessante e coerente com tudo o que foi apresentado.

Se no final do segundo ano Terri Miller (Cherrelle Skeete) havia apagado os vestígios do novo paradeiro de Clara, agora ela entra de vez no jogo e tenta ajudar Hanna sempre que possível. Definitivamente não é algo fácil de ser feito, já que Miller está sempre cercada de pessoas que parecem ser totalmente fiéis ao trabalho. Não fica claro quais são os reais motivos pelo qual ela decide arriscar a própria vida, mas observando tudo o que acontece ao seu redor, Terri certamente percebeu que estava do lado errado da história. A personagem começa exercendo um papel discreto, porém na reta final suas ações têm uma grande importância para a conclusão da produção.

A decisão de fazer uma temporada menor, desta vez com apenas seis episódios, fez muito bem para a série. Os capítulos são intensos e não há muito tempo para enrolação: a narrativa se desenvolve de forma acelerada, colocando Hanna e Marissa constantemente em situações delicadas, resultando em excelentes cenas de ação. As duas, que já estiveram em lados opostos, demonstram ainda não confiar muito uma na outra no começo da temporada, mas basta alguns eventos para que vejamos surgir uma forte ligação entre elas, ao ponto de uma manifestar real preocupação pela outra. Enquanto a dupla se torna a base principal da atração, as subtramas envolvendo as cadentes Sandy e Jules (Gianna Kiehl) ganham um destaque menor, todavia elas se conectam com o enredo principal. Diante de tudo o que foi construído até aqui, o desfecho de Hanna é satisfatório e emocionante.


Considerações finais
A ideia de David Farr em revisitar a história, que foi originalmente criada por ele para o filme homônimo de 2011, parecia interessante, porém o que vimos foi um enredo com pouca profundidade na primeira temporada e um desenvolvimento lento e sem grandes variações na segunda. O terceiro ano de Hanna também tem os seus problemas, entretanto foi o que mais me agradou, principalmente por focar no trabalho conjunto de Marissa e Hanna. A conexão entre elas cresce a cada novo episódio e as duas são implacáveis quando estão juntas no campo de batalha. Acredito que a história terminou no momento certo, entregando um desfecho que certamente não era o que todo mundo queria, mas que amarra bem todas as questões que foram trabalhadas. Eu apenas gostaria de saber o que aconteceu com as outras cadetes da Utrax.

Os principais pontos negativos foram o relacionamento acelerado de Hanna e a previsibilidade da pessoa que controlava toda a operação dos Pioneiros. Por outro lado, a atração soube mesclar bem os momentos de drama e ação, apresentando também algumas ótimas cenas de tensão. A trama envolvente, as ótimas cenas proporcionadas pela direção e fotografia e o belo trabalho do elenco faz com que o resultado final seja positivo.

Nota
★★★★☆ - 4 - Ótimo


Veja mais sobre Hanna:

➜ Você pode ler análises de outras séries clicando aqui.
Herbert Viana

Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV". twitter

O que achou desta postagem? Encontrou algum erro? Compartilhe sua opinião!

Postar um comentário (0)
Postagem Anterior Próxima Postagem

Publicidade