Análise da série Ozark (4ª temporada)


Atenção! O texto a seguir contém spoilers da terceira temporada de Ozark.

Na reta final da terceira temporada, Marty (Jason Bateman) e Wendy (Laura Linney) começaram a ter alguns problemas internos com Helen (Janet McTeer) e logo perceberam que a advogada estava agindo para tirá-los da jogada. Temendo que o pior acontecesse, os Byrdes precisavam de um bom plano para manter o prestígio conquistado e, junto com o FBI, conseguem acabar com a disputa que os mexicanos estavam tendo com o cartel rival. A estratégia deu tão certo que Omar Navarro (Felix Solis) surpreendentemente matou Helen na frente do casal e reforçou a sua confiança no trabalho que eles estavam desempenhando. Com a moral elevada, parecia que finalmente Marty e Wendy teriam um pouco de tranquilidade, mas não demora muito para novos desafios aparecerem.

Tudo inicia quando o sobrinho de Omar, Javier (Alfonso Herrera), começa a se inteirar dos negócios da família e demonstra impaciência para assumir a liderança do cartel. Omar sabe que o filho de sua irmã matará todos se sentir qualquer tipo de fraqueza e, por isso, quer se retirar da operação. Quem cuidará desse processo é Marty e Wendy, que ficam encarregados de negociar com o FBI um acordo que permita que ele entre e saia dos Estados Unidos livremente. Se alcançarem esse objetivo, o casal estará livre de suas obrigações. Com a ficha criminal que possui, conseguir imunidade para o chefe de um dos maiores cartéis mexicanos não será uma tarefa fácil, principalmente porque o FBI vai querer algo em troca e Omar não está muito disposto a fazer concessões. Pressionados o tempo todo, os Byrdes tentam resolver essa situação o mais rápido possível, mas algumas coisas não saem como o esperado e eles precisarão agir para evitar que o pior aconteça. A presença de Javier nos Estados Unidos é outro ponto de grande preocupação, já que Marty e sua esposa são quem lidam com as consequências decorrentes de seus atos.

Pouco antes de embarcar para o México, naquela que seria uma viagem sem volta, Helen foi confrontada por Jonah (Skylar Gaertner) e revelou detalhes sobre a morte de Ben (Tom Pelphrey). Ao descobrir que a mãe estava envolvida no assassinato do próprio irmão, Jonah entrega as cinzas de seu tio para Ruth (Julia Garner), um gesto que simboliza a sua postura nesta última temporada. Wendy até tenta se reaproximar do filho, mas suas atitudes fazem com que ele fique cada vez mais distante. Até mesmo Charlotte (Sofia Hublitz) se cansa das promessas não cumpridas de seus pais. O grande problema é que Wendy acha que sempre está certa, e isso faz com que ela novamente tome decisões por conta própria nos negócios da família. Em um momento específico da temporada, a própria personagem reconhece que não era uma pessoa fácil de se lidar. Já Marty, para não se envolver em mais discussões, cede em muitos pontos e pratica algumas ações apenas para agradar sua esposa, mesmo que isso coloque a sua própria vida em risco.

Rompida com Marty, Ruth começa a trabalhar junto com Darlene (Lisa Emery) na distribuição de heroína. Vale destacar que o Cartel Navarro também trabalha com o entorpecente, e o fato de Darlene permanecer atuando no ramo é algo que gera um grande incômodo. Os eventos em torno da comercialização dessa droga são uma das partes mais importantes da última temporada de Ozark e desencadeiam uma sequência de fatos trágicos que resultam na morte de mais de quatro personagens. Além dos negócios com Darlene, Ruth adquire o motel Lazy-O e contrata Jonah para fazer lavagem de dinheiro. Nos últimos capítulos, ela vai atrás de um rosto conhecido e orquestra uma ousada jogada que deixa os Byrdes completamente surpresos.

No que parece ser uma tentativa de aliviar o remorso pela morte de Ben, Wendy segue em frente com a ideia de abrir uma fundação de caridade e decide que atuará ajudando no tratamento de dependentes químicos. Enquanto trabalha para conseguir doadores, ela consegue fechar negócio com uma empresa farmacêutica sediada em Chicago, construindo uma situação que também é vantajosa para o cartel. É curioso observar que Wendy aceita abrir mão de muitas coisas, mas os assuntos relacionados à fundação são intocáveis. Na reta final da temporada, Marty fica impossibilitado de lavar dinheiro no cassino e sugere que o serviço fosse feito na instituição. Como estavam recebendo dinheiro de várias fontes, isso facilitaria o processo. Ela, no entanto, não cede, já que acredita que o futuro da família é a fundação; se uma investigação descobrisse qualquer tipo de irregularidade, tudo pelo qual eles batalharam teria sido em vão. No decorrer dos treze episódios, Wendy apresenta muitos momentos de desequilíbrio, mas é inegável que ela consegue pensar rápido em possíveis soluções, por mais que elas sejam arriscadas ou impraticáveis. Se não fosse ela, tudo poderia ser ainda pior.

Como se as coisas já não estivessem ruins o suficiente para os Byrdes, eles começam a ser incomodados pelo investigador particular Mel Sattem (Adam Rothenberg), que inicialmente busca informações sobre Helen. Enxerido, ele costuma ir à residência de Marty em horários não muito convencionais e fica observando o comportamento da família. Posteriormente, Mel é contratado por Nathan (Richard Thomas), o pai de Wendy, para tentar encontrar pistas sobre o paradeiro de Ben. Nathan também decide passar uns dias na região e aprofunda os conflitos entre sua filha e seus netos. Essa é uma boa oportunidade para conhecermos mais detalhes sobre o passado de Wendy e Ben, mostrando um lado da personagem que não havia sido explorado.


Considerações finais
Desde o começo, Ozark sempre focou nas ações praticadas por Marty e sua família e os reflexos que isso gera na vida das outras pessoas. Entre ter improvisado algo para não ser morto pelos mexicanos até a conclusão da história, um grande rastro de sangue foi deixado. Marty se envolveu cada vez mais com o negócio, não que ele quisesse isso, e mudou completamente a vida na região do lago de Ozarks. Na reta final ele demonstra um certo arrependimento por todo o mal que eles causaram, mas Wendy, que no começo aceitou tudo sem dar muita opinião, botou as asas para fora e começou a agir sem ter uma visão ampla das coisas. Com ideias muito individualistas, ela nunca conseguiu compreender a preocupação de Marty com Ruth. Enquanto sua família desmoronava, o seu principal foco era garantir o funcionamento da fundação, isso sem nem saber se eles conseguiriam sair vivos. Pode ser que alguns pontos da conclusão não agradem a todos, mas não faltou coerência por parte dos roteiristas. Já ouviu o ditado que a corda sempre arrebenta do lado mais fraco? Acho que isso diz muito sobre o encerramento que foi apresentado. 

No geral, gostei de como as coisas acabaram, mas acredito que algumas alterações poderiam ter tornado o desfecho de Ozark ainda melhor. Para começar, a estrutura de dez episódios dos anos anteriores deveria ter sido mantida, dava para descartar alguns eventos e deixar a história mais sucinta e dinâmica. Também gostaria de ver mais alguns detalhes após a última cena: depois de quatro anos desenvolvendo a trama, acho que merecíamos um final mais detalhado e melhor trabalhado. Tirando esses pontos, temos muita tensão, ótimas reviravoltas, uma bela fotografia e atuações excepcionais, dentre as quais mais uma vez destaco o trabalho das atrizes Laura Linney e Julia Garner.

Nota
★★★★☆ - 4 - Ótimo


└ Análise da série Ozark (3ª temporada)

➜ Você pode ler análises de outras séries clicando aqui.
Herbert Viana

Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV". twitter

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