Análise da série Succession (2ª temporada)


Atenção! O texto a seguir contém spoilers da primeira temporada de Succession.

Ao longo da temporada de estreia, Kendall (Jeremy Strong) foi o único que efetivamente teve coragem de enfrentar seu pai. Depois de tentar, sem sucesso, retirar Logan (Brian Cox) do controle da Waystar Royco, ele tinha tudo planejado para forçar uma aquisição hostil da empresa, mas os seus planos são completamente arruinados quando uma fatalidade acontece. Durante a festa de casamento de Tom (Matt McFadyen) e Shiv (Sarah Snook), Kendall se envolve em um acidente de carro e provoca a morte de um garçom que havia trabalhado na festa. Sem ter muitas opções, ele aceita a ajuda do pai para ocultar qualquer envolvimento seu com o ocorrido e desiste da negociação.

Esse foi o cenário perfeito para Logan ampliar os seus poderes, já que agora ele tinha total controle sobre alguém que havia sido capaz de desafiá-lo. Com isso, Kendall age como uma marionete em quase toda a temporada, algo que é percebido pelos seus irmãos, embora eles não sejam capazes de entender o que motivou uma mudança tão brusca de comportamento. O segundo ano de Succession aprofunda o lado pessoal dos seus principais personagens e mostra o quanto os filhos de Logan cresceram em um ambiente sem amor familiar. No sétimo capítulo, Kendall não está mais aguentando a culpa que ele carrega nos ombros e tenta se abrir com sua mãe, mas Caroline (Harriet Walter) novamente se mostra uma pessoa ausente na vida do filho.

Mesmo frequentando uma clínica de reabilitação, Kendall não consegue ficar livre do seu vício e acaba criando um laço próximo com Greg (Nicholas Braun), que ocasionalmente consegue drogas para ele. Greg segue sendo um dos personagens mais legais da série e continua se envolvendo em situações bem engraçadas. Percebendo o seu valor, o sobrinho-neto de Logan passa a ser mais franco e começa a fazer uso das armas que possui para conseguir um cargo melhor na empresa. O personagem também precisará lidar com uma exigência feita por seu avô, algo que pode comprometer o seu futuro.

Novamente pensando na companhia, Logan revela a Shiv que ela será a próxima CEO da Waystar, mas antes ele quer que a filha passe por alguns treinamentos. Agora que conhecemos Logan um pouco melhor, podemos dizer que suas promessas não são lá muito confiáveis, e ele comprova isso mais uma vez. Em um momento específico da segunda temporada, o magnata é forçado a revelar o nome da pessoa que o sucederá e o fato dele ficar calado simboliza duas coisas: Logan não quer deixar a companhia e não tem certeza se a filha é a melhor pessoa para assumir o cargo. Sua atitude se transformou em um verdadeiro balde de água fria para Shiv, que inclusive havia saído da vida política para focar na corporação da família, situação semelhante à que foi vivida por Kendall, que também alimentou falsas esperanças na temporada passada.

Diante da instabilidade financeira que começa a rondar a Waystar, reestruturações começam a ser feitas e Logan manda demitir centenas de funcionários depois de Roman dar a sua opinião superficial e sem nenhum embasamento sobre um dos braços da companhia. O novo plano do milionário é adquirir a PGM, uma empresa de mídia que também é controlada por uma família. Mesmo que a operação não seja vista com bons olhos pelas pessoas que o cercam, Logan está disposto a desembolsar uma grande quantia para comprar a companhia, mas isso não significa que a negociação será simples, principalmente pelo fato da PGM não estar à venda. Nesse ponto, o grande problema é que o patriarca da família Roy acredita que sempre pode conseguir as coisas da forma como deseja, independentemente de quais sejam os métodos utilizados.

Lembra dos casos de abuso sexual nos navios da Waystar que Tom e Greg tentaram apagar dos registros no primeiro ano? Pois bem, o escândalo volta à tona quando uma revista decide tornar público a situação, deixando os Roys completamente consternados. Quando surgem informações que testemunhas estavam dispostas a revelar detalhes sobre o ocorrido, a família rapidamente dá início a uma operação de controle de danos, mas Logan sabia que só isso não seria o suficiente. Era preciso fazer um sacrifício para acalmar os ânimos dos acionistas, caso contrário as coisas só piorariam.

Em meio a todas essas questões, temos também algumas tramas secundárias que chamam a atenção, como o desejo de Connor (Alan Ruck) em se candidatar à presidência dos Estados Unidos e o fato de alguém estar escrevendo uma biografia não autorizada de Logan. No primeiro caso, temos alguns desdobramentos que mostram que Connor não tinha a mínima noção do que estava fazendo: ele chega a procurar financiamento para sua campanha durante um funeral. Já a temática da biografia, que parecia ser algo muito mais interessante para o contexto geral de Succession, aparece apenas em alguns episódios e depois não ganha mais espaço no enredo. Até há uma explicação para o fim dessa história, mas esperava que ela fosse ser retomada em algum momento.


Considerações finais
Com Shiv agora também dando pitacos nas decisões que definirão o futuro da empresa, vemos os interesses e a busca pelo poder se tornarem algo ainda mais intenso na segunda temporada de Succession. Embora Kendall tenha ficado com suas mãos atadas, o personagem pratica um ato no episódio final que só saberemos no futuro quais são as suas reais intenções. Seja como for, o que acompanhamos nos dez episódios é a realidade da família Roy mudar completamente, indo de uma operação ousada objetivando adquirir uma empresa rival para a necessidade de enfrentar um escândalo que pode render grandes perdas a todos.

Abordando o lado mais podre da elite, o mérito da série criada por Jesse Armstrong é conseguir construir ótimos momentos de drama e humor com situações aparentemente simples. Como um se acha mais esperto do que o outro, os filhos de Logan vão fundo para tentar alcançar os seus objetivos, mostrando que eles puxaram o pai nesse aspecto. Outra característica que gosto muito em Succession é a forma com que a série valoriza e dá grande espaço para os personagens secundários, todos estão diretamente ligados com os dilemas familiares, agem de forma discreta e apenas observam o caos sendo instaurado. Visualmente, a atração da HBO segue abusando dos zooms, algo que já se tornou uma característico, apresentando uma bela fotografia e episódios muito bem dirigidos. Outro ponto de destaque é o excelente elenco, que entrega atuações de altíssimo nível.

Nota
★★★★★ - 5 - Excelente


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Herbert Viana

Criador e editor do Portal E7, Herbert é advogado, amante de games e séries. Gamertag/ID: "HerbertVFV". twitter

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